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Jorge Seif Mantém Ex-Diarista Como Assessora de R$ 31,2 Mil, Dispensada de Ponto Biométrico no Senado


Caso levanta suspeitas de “fantasma de luxo”, desvio de função e furo em regras de controle de frequência de servidores
Jorge Seif (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

Uma investigação jornalística revelou que o senador Jorge Seif (PL-SC) mantém em seu gabinete, com salário de R$ 31.279,53, uma assessora parlamentar que anteriormente trabalhava como diarista e hoje é dispensada do controle biométrico de frequência. A funcionária, Adna dos Anjos Cajueiro, também é empreendedora e administra uma loja física em Ceilândia, no Distrito Federal, onde teria atuado pessoalmente durante o horário em que deveria estar à disposição do mandato. O caso levantou suspeitas de “funcionária fantasma de luxo” e desvio de função.​

Segundo dados de transparência do Senado, Adna iniciou suas atividades no gabinete em outubro de 2023 com salário de pouco mais de R$ 2,1 mil, recebendo aumentos sucessivos até alcançar mais de R$ 31 mil em setembro de 2025. No mesmo período, ela expandiu seus negócios privados, abrindo uma segunda unidade de loja em novembro, durante a Black Friday, ocasião em que foi vista atuando diretamente no empreendimento. Moradoras e familiares confirmaram que ela trabalha ativamente no comércio.​

Questionado via Lei de Acesso à Informação, o Senado informou inicialmente que a servidora é dispensada do registro biométrico por exercer “atividade externa”, o que justificaria a ausência de marcações de ponto. Em um segundo pedido, no entanto, o gabinete de Seif não apresentou relatórios detalhados de frequência, alegando uso de sistema interno de controle sem documentos consolidados para envio. O Ato do Primeiro Secretário nº 2/2017, porém, exige relatório mensal de atividades para casos desse tipo.​

Especialistas em administração pública e controle de gastos veem no episódio indícios de fragilidade nos mecanismos de fiscalização da frequência de comissionados no Senado. Para eles, a combinação de alto salário, falta de registro biométrico e atuação ostensiva em negócio privado durante horário de expediente merece investigação formal das instâncias de ética e corregedoria.​

Entidades que monitoram o uso de recursos públicos no Legislativo alertam que situações como essa alimentam a percepção de privilégio e pouca transparência no uso de cargos de confiança. O contraste entre o salário elevado e a origem humilde como diarista também reacende debate sobre critérios de nomeação, meritocracia e eventual uso de gabinetes para favorecimento pessoal ou político.​

Procurado pela imprensa, o gabinete de Jorge Seif afirmou que a servidora exerce atividades externas, justificando a dispensa do ponto, e que haveria controle interno de presença e produtividade. A assessoria do Senado, por sua vez, evitou comentar o caso em detalhe e direcionou questionamentos ao próprio parlamentar, o que não atendeu às dúvidas sobre cumprimento das normas administrativas.​

Nas redes sociais, o caso repercutiu com críticas de opositores, que acusam o senador de hipocrisia por manter suposta funcionária fantasma enquanto defende corte de gastos e moralização da política. Aliados de Seif, por outro lado, tentam minimizar o episódio, afirmando que não há ilegalidade comprovada até o momento e que atividades externas podem ser compatíveis com a função de assessoria.​

Organizações civis defendem que a Mesa do Senado e a Controladoria interna abram apurações para verificar se houve desrespeito às normas de frequência, acúmulo incompatível de atividades ou desvio de recursos públicos. O desfecho do caso pode se tornar mais um teste da capacidade do Congresso de fiscalizar a si mesmo e impor limites ao uso de cargos de confiança como moeda política.​

Fontes: Imprensa PúblicaBrasil 247Portal da Transparência do Senado


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