Presidente busca garantir apoio antes da votação e conter ruídos provocados pela carta de Alcolumbre
Lula e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, durante solenidade em Macapá (AP) (Ricardo Stuckert/PR)
O presidente Lula intensificou as movimentações políticas em torno da indicação de Messias ao Supremo Tribunal Federal ao chamar para uma conversa reservada o senador responsável por relatar o processo. O gesto ocorre em meio ao clima tenso provocado pela carta de Davi Alcolumbre, que gerou ruídos no Congresso e levantou dúvidas sobre o ritmo de tramitação. Lula decidiu intervir pessoalmente para evitar que divergências internas atrapalhem a aprovação do indicado.
A reunião, realizada no Planalto, foi descrita por interlocutores como “ampla e decisiva”. Lula teria reforçado a importância estratégica da indicação e destacado a necessidade de consolidar um STF estável e comprometido com a defesa do Estado Democrático de Direito. O relator, por sua vez, teria apresentado ao presidente um diagnóstico das resistências e apoios já mapeados.
A carta de Alcolumbre, que foi interpretada por setores do Congresso como tentativa de pressionar o Planalto, criou um ambiente de especulações. O presidente do Senado teria buscado reafirmar protagonismo no processo, o que gerou irritação interna. Lula, ao chamar o relator, sinaliza que pretende conduzir pessoalmente a etapa final das articulações, evitando surpresas e garantindo unidade.
Segundo fontes, a base governista acredita que Messias tem sólido apoio entre parlamentares moderados, mas enfrenta resistência do núcleo bolsonarista, que tenta transformar a sabatina em palco de ataque ao presidente. Governistas afirmam que o Planalto aposta na serenidade do processo, considerando que o indicado possui trajetória jurídica reconhecida e perfil alinhado às demandas democráticas.
Nos bastidores, parlamentares afirmam que Lula quer evitar que a indicação seja contaminada por disputas internas ou por pressões externas de setores conservadores. O presidente teme que a oposição tente usar o episódio como arma eleitoral, especialmente diante do clima de polarização permanente. A estratégia é reforçar a articulação técnica, evitando ruídos públicos.
A aproximação direta de Lula com o relator também demonstra o peso institucional da vaga aberta no STF. A Corte tem sido alvo constante do bolsonarismo, e o Planalto considera essencial manter estabilidade judicial para garantir avanço de políticas públicas. A escolha de Messias é vista como decisiva para preservar equilíbrio republicano.
Com a reunião, o governo pretende acelerar votos favoráveis e neutralizar focos de resistência. Interlocutores afirmam que novos encontros devem ocorrer nos próximos dias com líderes partidários, em busca de alinhamento total antes da sabatina. O Planalto quer evitar qualquer desgaste semelhante ao ocorrido em indicações anteriores.
A expectativa é que a sabatina aconteça sem grandes sobressaltos, mas o governo sabe que o ambiente político segue volátil. A intervenção direta de Lula mostra sua disposição de garantir aprovação tranquila e blindar o processo de interferências. A estratégia traça mais um capítulo dessa etapa crucial entre Planalto e Congresso.
Fontes:
• Valor Econômico
• Estadão
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