Deputado busca manter protagonismo na direita global após derrota em ofensiva tarifária contra o governo dos EUA
Eduardo Bolsonaro e Benjamin Netanyahu (Foto: Reprodução/X/Eduardo Bolsonaro)
Eduardo Bolsonaro, após ver fracassar sua tentativa de pressionar Donald Trump contra o governo brasileiro em temas tarifários, teve encontro com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. O movimento é interpretado como esforço para manter relevância no tabuleiro da direita internacional, mesmo em cenário de perda de influência interna e problemas judiciais envolvendo seu grupo político. A reunião ocorre em meio a forte contestação global à política israelense em Gaza.
O deputado vinha articulando, junto a aliados conservadores nos Estados Unidos, um endurecimento de Trump contra o Brasil em pautas comerciais e diplomáticas. A ideia seria usar o peso da Casa Branca para constranger o governo Lula em fóruns internacionais. No entanto, a agenda de Trump com Lula acabou seguindo rumo mais pragmático, com discussões sobre tarifas e segurança, frustrando a investida de Eduardo.
Ao se aproximar de Netanyahu, Eduardo tenta se recolocar como ponte entre a direita brasileira e o bloco de líderes conservadores pró-Israel. Fotos e relatos do encontro foram amplamente divulgados em suas redes sociais, com ênfase na defesa do governo israelense e na crítica a posições da diplomacia brasileira consideradas “hostis” a Tel Aviv. O gesto alimenta sua base evangélica e sintonizada com pautas do Oriente Médio.
Analistas observam que o timing da reunião é delicado, dado o alto nível de críticas internacionais à condução da guerra em Gaza e às mortes de civis palestinos. Ao se alinhar tão abertamente a Netanyahu, Eduardo reforça um discurso de confronto com setores progressistas no Brasil e no exterior, que veem na política israelense violações de direitos humanos. Isso pode aumentar seu isolamento em ambientes multilaterais.
Internamente, o deputado segue sob pressão de investigações e enfrenta perda de espaço na Câmara após a prisão de Jair Bolsonaro e o desgaste geral do bolsonarismo. Sua aposta em laços internacionais é também tentativa de construir uma narrativa de perseguição globalista e de compromisso com valores “ocidentais e cristãos”. Essa estratégia já apareceu em outras viagens e discursos.
Setores do governo brasileiro veem a movimentação com preocupação, por temerem que ações paralelas de parlamentares bolsonaristas atrapalhem negociações sensíveis em comércio, defesa e direitos humanos. Itamaraty procura se distanciar de iniciativas individuais, reforçando que apenas o Executivo fala oficialmente em nome do Estado brasileiro. Ainda assim, imagens do encontro circulam e afetam percepções.
Para a direita radical, Eduardo segue sendo uma das principais figuras, mesmo com espaço institucional reduzido. Sua proximidade com Trump, Netanyahu e outros líderes conservadores globalmente é usada como ativo junto ao eleitorado mais ideológico. O fracasso da ofensiva tarifária é relativizado em narrativas que culpam “establishment internacional” e “sistema”.
O impacto de longo prazo desses movimentos dependerá de como o cenário internacional e doméstico evoluirá até as eleições de 2026. Se a direita conseguir se reorganizar, Eduardo pode usar esses laços como credencial; se não, o risco é de que esses encontros sejam lembrados apenas como gestos de um campo em retração.
Fontes: UOL News, CNN Brasil, The Times of Israel, redes sociais de Eduardo Bolsonaro
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