O ministro que se dizia guardião da democracia condenou com rigor figuras menores, mas se acovardou diante do ex-presidente, transformando o STF em palco de conivência.
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Frase da época da Lava Jato, "In Fux We Trust" que significa "em Fux confiamos" viralizou durante julgamento do ministro no STF.(Imagem: Reprodução/Arte Migalhas) |

O ministro que se dizia guardião da democracia endureceu contra figuras menores, mas ao aliviar para Bolsonaro, não só se acovardou diante de um golpista, como foi cruel com seus próprios colegas de Corte, vítimas em potencial de um plano de morte.
Luiz Fux construiu sua imagem como o juiz implacável, o magistrado austero que carregava a Constituição como se fosse um escudo sagrado. Durante sua trajetória, aplicou penas duras a quem ousasse se desviar do caminho da lei. Foi firme contra militares de segunda linha, contra assessores de Bolsonaro, contra ajudantes de ordens como Mauro Cid.
Mas quando chegou a hora de enfrentar o próprio Jair Bolsonaro — o comandante da tropa golpista, o mentor da conspiração que tentou enterrar a democracia — Fux vacilou. Vacilou e, pior, escolheu se posicionar ao lado da complacência, da conivência, da covardia.
Seu voto não é apenas uma contradição. É um ato de traição. Traição à Constituição que jurou defender, ao povo brasileiro que confiou na Justiça, e também aos seus próprios colegas de tribunal. Ao minimizar a gravidade das ações de Bolsonaro, Fux desrespeitou a memória do que esteve em jogo: um plano concreto de golpe de Estado que previa a prisão — e até o assassinato — de ministros do Supremo. Alexandre de Moraes, por exemplo, só está vivo hoje porque esse plano falhou. O gesto de Fux, nesse contexto, é cruel com seu próprio colega de toga.
E aqui surgem as interrogações que não podem ser ignoradas:
- Fux se acovardou por submissão a Bolsonaro?
- Ou teria agido por medo da lei americana, que já puniu aliados do ex-presidente?
- Estaria preocupado em não perder seu visto para os Estados Unidos, em não ver negócios e contas bancárias comprometidos?
- Ou, pior ainda, teria feito uma escolha consciente de proteger o chefe maior, ignorando que esse mesmo chefe conspirou contra a vida de um colega seu dentro da Corte?
Essas perguntas ecoam porque sua atitude não encontra amparo na razão, no direito ou na moral. O ministro que antes se apresentava como guardião da democracia tornou-se, neste julgamento, um passa-pano vergonhoso para golpistas.
O Brasil precisa refletir: que mensagem passa um juiz que condena severamente os soldados rasos, mas absolve o comandante? Que sinal é dado à sociedade quando a lei serve apenas para os pequenos, mas nunca alcança os grandes?
O voto de Fux não será esquecido. Ficará registrado como um marco de covardia, de contradição e de desprezo pela própria instituição que ele deveria proteger. Porque um juiz que falha diante do maior ataque à democracia brasileira não é guardião da Constituição — é cúmplice de sua erosão.
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