Ao votar pela absolvição de Jair Bolsonaro, Fux se afastou da Constituição que jurou defender e se colocou no lado errado da democracia
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 POR FÁTIMA MIRANDA
  POR FÁTIMA MIRANDA
O julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre os crimes de Jair Bolsonaro e seus aliados golpistas já entrou para a história. A maioria formada pela Corte reafirmou o valor da democracia, da Constituição e do Estado de Direito. No entanto, um voto destoou, não apenas pelo conteúdo, mas pela contradição gritante com a trajetória de quem o proferiu: o ministro Luiz Fux.
Fux, que tantas vezes se apresentou como guardião da Constituição e defensor intransigente da democracia, renunciou a esse papel no momento mais decisivo de sua carreira. Seu voto pela absolvição de Bolsonaro, recheado de preliminares inconsistentes e argumentos descolados da realidade, não apenas soou como um equívoco jurídico, mas como um ato de leniência diante de crimes que ameaçaram destruir o país.
O constrangimento foi evidente. Isolado, execrado nas redes sociais, criticado pela imprensa e observado com perplexidade pelos próprios pares, Fux parecia carregar o peso de ter se tornado o único ministro a passar pano para golpistas. Sua postura revelou fragilidade, incoerência e até mesmo uma perigosa submissão a interesses que não se coadunam com a Constituição.
O papel de um ministro do STF não é agradar setores políticos, nem ceder à pressão da opinião pública. Mas tampouco é ignorar provas, desprezar a gravidade dos fatos e enfraquecer o próprio Supremo. Ao agir dessa forma, Luiz Fux não apenas envergonhou sua toga, mas colocou em risco a credibilidade da Corte e desrespeitou a confiança da sociedade brasileira.
Enquanto Cármen Lúcia, Zanin, Moraes e outros ministros se alinharam à missão de preservar a democracia, Fux se apequenou diante da história. Seu voto ficará marcado como um gesto imoral, vergonhoso e incompatível com a responsabilidade que carrega.
Num país que ainda luta para superar a herança autoritária e consolidar a democracia, não há espaço para tergiversações. O Supremo é o guardião da Constituição, e quem ocupa uma cadeira nessa Corte deve honrar essa missão — não se esconder atrás de justificativas frágeis nem se omitir diante de crimes contra o povo e contra o Estado de Direito.
Luiz Fux perdeu uma oportunidade histórica de se firmar como defensor da democracia. Preferiu o caminho da omissão, do equívoco e da contradição. O julgamento de Bolsonaro ainda seguirá com a dosimetria das penas, mas o julgamento de Fux, perante a sociedade, já foi feito: ele falhou.
 
 
 
 
 
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