STF deve decidir se mantém ex-presidente em prisão domiciliar de luxo ou se, finalmente, o coloca atrás das grades
Lindbergh Farias | Jair Bolsonaro (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados | REUTERS/Bernadett Szabo)
Por Fátima Miranda
Brasília — O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) decidiu dar nome ao risco que paira sobre o Brasil: Jair Bolsonaro é um fugitivo em potencial. Nesta sexta-feira (22.ago.2025), o petista protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de prisão preventiva do ex-presidente, alertando para aquilo que já é evidente — Bolsonaro não hesita em recorrer a qualquer artifício para escapar da Justiça.
O parlamentar relembrou o episódio constrangedor em que o ex-chefe do Executivo se refugiou na embaixada da Hungria, em Brasília, dormindo entre diplomatas como se fosse um foragido, apenas para driblar o risco de prisão. O gesto, que ficou registrado em relatórios e imagens, foi mais do que uma manobra: foi um ensaio de fuga, um aviso de que Bolsonaro não tem qualquer pudor em afrontar o Judiciário.
“Esse homem já provou que não respeita a lei. Quem busca abrigo em embaixada não pode ter o benefício de prisão domiciliar”, disparou Lindbergh. “Ele representa risco real de fuga e ameaça ao processo democrático.”
Um manual de fuga no celular
A Polícia Federal reforçou a suspeita ao encontrar um rascunho de 33 páginas de pedido de asilo à Argentina no celular de Bolsonaro. O texto, redigido em 2024, detalhava sua estratégia para escapar da Justiça brasileira. Como se não bastasse, o ex-presidente já foi flagrado conspirando contra as urnas e testando limites institucionais — um padrão de comportamento que, segundo juristas, torna sua prisão preventiva não apenas legítima, mas necessária.
Domiciliar de luxo ou cela?
Hoje, Bolsonaro desfruta de uma prisão domiciliar confortável, cercado por aliados, advogados e simpatizantes. Para Lindbergh, isso é uma afronta: “Trata-se de um privilégio que não seria concedido a nenhum outro cidadão”. O deputado citou artigos do Código de Processo Penal que autorizam a prisão preventiva quando há risco à aplicação da lei penal.
Em outras palavras: enquanto milhares de brasileiros pobres lotam celas por crimes muito menores, o ex-presidente, acusado de golpe de Estado e conspiração contra a democracia, cumpre pena em casa.
Defesa vitimista
A defesa de Bolsonaro, como de costume, correu para acusar “perseguição política” e pediu até a revisão da prisão domiciliar. Para os advogados, o rascunho de asilo e a hospedagem na embaixada da Hungria seriam meras “coincidências”. O discurso é o mesmo de sempre: negar o óbvio e se colocar no papel de vítima.
O recado de Lindbergh
O gesto do deputado vai além de um pedido jurídico: é também um recado político. O Brasil não pode assistir passivamente enquanto um ex-presidente, que já tentou rasgar a Constituição, ensaia rotas de fuga diante de um julgamento histórico.
No dia 2 de setembro, o STF abrirá o processo que pode condenar Bolsonaro por tentativa de golpe e conspiração contra a democracia. Até lá, a pergunta que ecoa é direta: o Supremo permitirá que ele siga em sua prisão domiciliar de luxo ou terá coragem de colocá-lo onde deveria estar desde 2022 — atrás das grades?
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