Mesmo proibido, ex-presidente desafia ordem judicial e expõe a fragilidade das instituições brasileiras. Especialistas apontam risco de novas ações criminais e eleitorais.
Por Fátima Miranda
Brasília — A velha máxima que Jair Bolsonaro repetiu tantas vezes em palanque — “a lei é para todos” — parece não valer quando o réu é ele mesmo. Apesar de decisão judicial proibindo disparos de mensagens, o ex-presidente enviou mais de 300 vídeos e textos pelo WhatsApp, em flagrante descumprimento da ordem.
A atitude é mais do que afronta. É provocação. Um desafio direto às instituições brasileiras, que agora precisam decidir se continuarão assistindo inertes ou se finalmente farão valer o peso da lei contra aquele que se recusa a reconhecê-la.
Rebeldia planejada
Bolsonaro age como se estivesse acima das regras. Fontes próximas relatam que os disparos não foram “acidentais”, mas parte de uma estratégia de mobilização política, ensaiada e calculada para alimentar sua base mais fiel. O gesto ecoa um padrão: quando confrontado por limites legais, Bolsonaro não recua — ele avança, dobrando a aposta, testando até onde vai a paciência da Justiça.
O que pode acontecer
Juristas ouvidos pela reportagem foram claros: a conduta configura crime de desobediência a ordem judicial (art. 330 do Código Penal), passível de detenção. Mais do que isso, pode reforçar a já consolidada inelegibilidade de Bolsonaro e abrir espaço para novos processos de crime de responsabilidade.
Em termos práticos, cada disparo clandestino pode ser usado como prova em ações no STF e no TSE, ampliando o leque de acusações contra o ex-presidente. Há ainda quem veja na reincidência um indício de atentado ao Estado Democrático de Direito, categoria criminal ainda mais grave.
A pergunta que fica
O Brasil está diante de uma encruzilhada: se a Justiça fechar os olhos, abre-se um precedente perigoso. Porque, se a lei não alcança Bolsonaro, também não precisa alcançar ninguém mais. Nesse ponto, não há democracia que resista.
Enquanto o ex-presidente ri da cara da ordem judicial e age como um fora da lei, a população precisa refletir: queremos um país em que a lei só vale para uns, enquanto outros zombam dela impunemente?
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